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O Mal
Algumas faces do Mal, um fenômeno entendido como ausência do Bem.

“ Uma vida sem pensamento é totalmente possível, mas ela fracassa em fazer desabrochar sua própria essência; ela não é apenas sem sentido, mas não é totalmente viva. Homens que não pensam são como sonâmbulos. ”
(Hannah Arendt)

 
O

Mal existe.
Pode ser entendido como a ausência ou a corrupção do bem [Cf. S. Agostinho de Hipona (354-430)].
Pode surgir espontaneamente, na forma de uma patologia física ou psiquiátrica; pode ser fruto de uma catástrofe ou o resultado de um comportamento que causa malefício a si mesmo, a outrem ou a ambos (1). Pode ser decorrente da atribuição de um significado nefasto a um estímulo, mensagem ou relacionamento.

Pode ser fruto de prepotência ou de intriga por parte de um indivíduo ou de uma coletividade; pode surgir quando uma condenação for perpetrada sem se basear na verdade ou para favorecer este em detrimento daquele de forma desumana (2) levada a termo por “Tribunais” do crime organizado ou até mesmo por Parlamentos democráticos, mediante leis regularmente promulgadas, mas que condenem à morte.

Objetivamente, pode ocorrer nos seres humanos na forma de uma doença, uma dor, um descontrole, uma injustiça ou um comportamento, uma ação, com a finalidade de causar malefício a outrem. Subjetivamente, a partir do desejo do ‘não-fazer’, isto é, da tendência inata de eliminação da estimulação do organismo – a Pulsão de Morte (3) (Cf. Freud, 1920)

Ainda no campo da subjetividade, sabemos que a consciência da mortalidade influencia profundamente a psicologia humana. Para lidar com a ansiedade e o medo inerentes à consciência da morte, cada indivíduo desenvolve a ‘sua forma’ de lidar com essa certeza fazendo uso dos chamados Mecanismos de Defesa do Ego (4), como, por exemplo, a negação, a imortalidade simbólica ou a busca por significado.

Esta última pode levar um ser humano não somente à procriação, mas também à realização de empreendimentos - como a religião, a arte, a ciência, o trabalho e a construção de símbolos culturais – a fim de garantir sua “permanência” na Terra.

Segundo Ernest Becker (5) (1924-1974) esses esforços seriam, em parte, uma tentativa de transcender a mortalidade e alcançar uma sensação de significado e imortalidade simbólica.
No entanto, segundo Becker, essa busca pelo significado também pode levar a um lado obscuro da natureza humana. Ele argumentava que as pessoas podem se tornar mais suscetíveis à violência, ao preconceito, ao fanatismo e ao desejo de poder como forma de negar a mortalidade e afirmar sua importância no mundo. Essa dinâmica pode levar à expressão do que poderíamos chamar de "mal" na sociedade.

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S. Agostinho afirmou que o mal moral é resultado do mau uso do livre-arbítrio concedido por Deus. Ele acreditava que o livre-arbítrio é uma parte fundamental da natureza humana e que as escolhas erradas das pessoas levam ao pecado e ao afastamento de Deus.

São muitas as formas de expressão do mal, todas elas pelo Catolicismo denominadas “pecados”, isto é, pensamentos, paixões ou comportamentos malignos, assim considerados porque podem levar transgressões morais; são considerados perigosos porque podem corromper a alma e afastar a pessoa de Deus, prejudicando o relacionamento com o divino e com os outros. Nesse contexto, atualmente, sete desses pecados são chamados capitais (6) porque são vistos como raízes ou princípios fundamentais que podem levar a outros pecados e transgressões.

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Algumas vezes, o mal pode surgir entre pessoas que se querem bem, mas cometem o erro muito comum de supor que o outro deva sentir o mesmo que está sentindo; esquece que outras pessoas podem sentir de forma diferente.

Outras vezes, surge de nós mesmos, fruto da mudança de critério que costumamos fazer, dependendo do nosso sucesso ou do nosso fracasso: se somos bem-sucedidos no que pretendíamos alcançar, costumamos explicar esse sucesso pelas nossas condutas, por nossa livre escolha e pelas nossas habilidades. Quando fracassamos, costumamos evocar variáveis externas, geralmente aquelas que não conhecíamos ou que não poderíamos ter controlado, a fim de justificar o malogro.

E, quando assim fazemos, “quando negamos nossa própria liberdade ou negamos que foi nossa a escolha errada, negamos a nós mesmos a possibilidade de fazer diferente da próxima vez” (Barros Fillho, 2017) pois “para sabermos o porquê de uma determinada ação, precisamos primeiro descobrir o que é essa ação, ou seja, qual a sua definição moral” (Ferreroni Júnior & Francioulli, 2022).
A isso meu amigo John Edward Anderson  denomina ‘desonestidade intelectual’;  também chamada ‘má fé’  que, segundo Barros Filho (2017), é um “artifício de fracassados”.

"Todos somos orgulhosos em diferentes graus; queremos ser bons, achamos que o somos e vamos atrás da confirmação pública. Caso a opinião pública não coincida conosco tendemos a pensar que ela está errada. (...) Dependendo do nosso nível de soberba e vaidade, buscamos diversas saídas: perdemos a confiança nos colegas de trabalho, deixamos os grupos do Whatsapp (7) sumimos do Instagram (7) ou queremos mudar de casa-faculdade-trabalho-cidade-país-planeta. Não para aí. Chegamos a contestar as regras vigentes e viramos [maus revolucionários], perdemos a fé em Deus ou trocamos de religião, e vai saber que outras soluções desse estilo.” (Cf. Ferreroni & Franciulli, 2022:29-33, colchetes meus)

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A fim se estruturar, organizar e se situar na existência, a mente humana constrói crenças (8).  E, para que haja conforto psicológico, tais crenças precisam estar em harmonia entre si, isto é, não pode haver discordância entre os valores que elas representam para esse indivíduo.

Em termos de valor, um ser humano tem necessidade básica, de três coisas: da ausência de privações (água, alimento, sono, afeto), de ameaças (reais ou imaginárias) e de consistência cognitiva no repertório das crenças que ele próprio construiu através do aprendizado, a fim de se situar na sua própria existência.

Nossas mentes precisam de consistência cognitiva para compreenderem o mundo em que vivem e para ‘ficarem de bem’ com essa compreensão. Inconsistências ou distorções cognitivas (vide Anexo-4), quando conscientes, causam forte desconforto psicológico e precisam ser ‘eliminadas’ para que a mente volte a ter harmonia.

Muitas vezes, sem perceber, por ignorância ou até mesmo de forma deliberada a fim de resolver esse tipo de conflito psicológico, construímos crenças que acabam nos fazendo mais mal do que bem: as crenças disfuncionais (vide Anexo-5).
Uma vez estabelecidas, a mente humana necessariamente buscará fazer com que seus conteúdos sejam consistentes, isto é, fará uma integração das crenças; para que haja harmonia.

Acontece que, por vezes, essas crenças são incompatíveis entre si e, então, a mente ‘dará o seu jeito’ de criar a almejada compatibilidade ‘na marra’, mesmo que, para isso, haja algum prejuízo da verdade ou até mesmo da realidade: cria ideias que podem surgir na mente a fim de explicar aquilo que, considerando o repertório dessa mente, é tido como ‘inexplicável’ ”; para tornar críveis crenças conflitantes que, sem essa forma de pensamento delírio, se tornariam ininteligíveis para essa mente (9).

DELÍRIOS

O mais dramático exemplo disso são os Delírios (10): tudo estaria bem resolvido, não fosse o delírio a promover uma desconexão tal com a realidade compartilhada que é capaz de fazer com que o sujeito delirante passe a viver num mundo paralelo.


Aliás, se a realidade de cada um fosse completamente diferente, viveríamos num caos [...] temos cérebros bastante parecidos, afinal. Acontece que “bastante parecido” não é sinônimo de “idêntico”. Essa pequena diferença entre os cérebros de cada um de nós produz realidades diferentes, afetos diferentes, experiências diferentes, ainda que semelhantes. ” (Cf. Calabrez in Barros Filho, 1987:31)

Existem formas ‘diluídas’ ou ‘brandas’ de delírio; em outras palavras, delírios socialmente aceitos:
O sujeito que impõe seu gosto individual, que ‘tira sarro’ porque não temos ‘paladar refinado’, que acredita de pés juntos que seu vinho é melhor que o vinho do outro, não estaria de alguma forma delirando? Assim como quem acredita que seu partido político é melhor, que seu time de futebol é melhor, que sua visão de mundo é melhor... São de fato tiranos. Estão impondo suas experiências individuais como se os outros tivessem obrigação de viver mesma realidade que eles. Estão atribuídos [às suas realidades] um caráter universal, ao acredita que todos os seres humanos vivem a mesma realidade. ” (Calabrez in Barros Filho, 1987:32)

§

Outro erro muito comum, muitas vezes socialmente tolerado, é pensar que, já que as realidades são de cada um, podemos construir a nossa realidade ao nosso bel prazer. Se a realidade é maleável, então podemos viver a experiência de mundo que quisermos. O erro aqui é justamente considerar que a minha realidade é ilimitada, e que tudo posso em nome de uma (suposta) liberdade e / ou, também, para "o bem da diversidade". E, ainda, de achar que o que me dá prazer necessariamente dará prazer ao outro.

Essas atitudes, além de opressoras para as outras pessoas, podem acabar resultando em abandono e solidão.

Toda opressão que se preze precisa de dois personagens: o opressor e aquele que sofre a opressão, o oprimido.

Existem várias razões pelas quais uma pessoa pode se submeter à opressão de outra. É importante lembrar que cada situação é única e complexa, e as motivações podem variar dependendo do contexto e das pessoas envolvidas.

Alguns motivos comuns que podem contribuir para a submissão à opressão são:

Coerção e manipulação: o opressor pode exercer poder e controle sobre o oprimido por meio de manipulação psicológica, chantagem emocional, ameaças ou intimidação. Essas táticas podem levar o oprimido a acreditar que não têm alternativa além de se submeter.
Dependência econômica: em algumas situações, a opressão pode surgir de desigualdades econômicas. O opressor pode controlar os recursos financeiros, o acesso ao emprego ou as condições de trabalho do oprimido, o que torna difícil para este último romper o ciclo de opressão devido à dependência financeira.
Condição social e cultural: normas sociais e culturais podem influenciar a maneira como as pessoas percebem e reagem à opressão. Em algumas culturas, a submissão pode ser considerada um dever ou uma expectativa, tornando difícil para o oprimido desafiar o status quo.
Autoimagem e baixa autoestima: em alguns casos, a pessoa oprimida pode internalizar a visão negativa que o opressor tem dela e desenvolver uma autoimagem negativa. A baixa autoestima e a falta de confiança em si mesma podem fazer com que ela acredite que não merece melhores condições ou que não é capaz de resistir à opressão.
Isolamento e falta de apoio: o opressor pode tentar isolar o oprimido de redes de apoio, como amigos, familiares ou grupos comunitários. Sem um sistema de apoio, o oprimido pode se sentir desamparado e encontrar dificuldades para enfrentar a opressão sozinho.
Medo:  o medo pode ser um fator significativo que leva uma pessoa a se submeter à opressão. Ela pode temer consequências negativas, como violência física, retaliação ou perda de recursos, e, portanto, opta por se submeter para evitar esses resultados indesejados.

 

MEDO

O medo é uma emoção (11) do ser humano que foi mantida ao longo da evolução da espécie para proteger o indivíduo e, assim, garantir a perpetuação da sua espécie. Tem a ver com uma espécie de ‘queda de potência’ ou de ‘energia vital’ diante de alguma coisa ruim real ou imaginada.

No entanto, em excesso, passa a ser um tipo de vivência que podemos denominar “medo patológico”. O medo patológico pode traduzir-se em diferentes Transtornos de Ansiedade, como fobias específicas, transtorno de ansiedade generalizada (TAG), transtorno de pânico, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e outros. (vide Anexo-6)

APEGO

Também podemos temer a perda de um objeto – algo ou alguém – que, para nós é vital ou simplesmente importante.  A resposta natural e instintiva para prevenir essa perda é apegar-se a esse objeto.

O que é “apego”?

O comportamento de ligação é concebido como qualquer forma de comportamento que resulta em que uma pessoa alcance ou mantenha proximidade com algum outro indivíduo diferenciado e preferido, o qual é usualmente considerado mais forte e/ou mais sábio.” (Bowlby, 1982)
“No primeiro ano de vida, o elo emocional que se forma entre a criança e quem cuida dela, geralmente a mãe, chama-se apego [e a habilidade dessa criança] desenvolver-se bem física e psicologicamente depende em parte da qualidade do apego.
” (Hockenbury, 2003: 332, colchetes meus).

O apego, em si, não é bom nem ruim; é um comportamento inato e biologicamente programado, que tem como objetivo buscar proximidade e segurança emocional.
É uma parte fundamental do desenvolvimento humano e influencia a forma como as pessoas se relacionam e interagem com os outros ao longo da vida.

O apego é formado através das interações repetidas entre as pessoas – geralmente o cuidador principal e a criança – que se desenvolve durante os primeiros nove meses de vida e mantém-se ativado até o final do terceiro ano de vida. (Bowlby, 1982:123).

Essas interações afetivas e responsivas criam um sentimento de confiança e segurança na criança, proporcionando uma base para explorar o mundo e lidar com as emoções. Uma vez internalizado, o conceito “apego” não se limitará apenas às relações entre crianças e cuidadores. Ele influenciará a outros tipos de relacionamentos, como amizades, relacionamentos românticos e terapêuticos; como tais relacionamentos se formam, evoluem e impactam o bem-estar psicológico das pessoas.

Apegar-se é depender de alguém?

Vale a pena lembrar que o conceito de ligação (apego) difere do conceito de dependência: “A dependência não está especialmente relacionada com a manutenção da proximidade, não se refere a um indivíduo especifico, nem está necessariamente associada a uma emoção forte. Nenhuma função biológica lhe é atribuída. Além disso, no conceito de dependência há implicações de valor que são o oposto exato daquelas que o conceito de ligação subentende. (Bowlby, 1982:124)

Diferentes culturas geram apegos diferentes.
Nos EUA, por exemplo, a maioria dos recém-nascidos dorme sozinha em um quarto separado dos pais, enquanto na Guatemala, dormem junto com os pais até aproximadamente três anos de idade.
Embora não seja possível estabelecer uma comparação entre cultuas diferentes, observa-se que, no primeiro caso, a independência e a individualidade são frequentemente valorizadas; as pessoas podem se mudar para outras cidades ou estados em busca de oportunidades educacionais ou profissionais enquanto que no segundo, existe uma estrutura nuclear ampliada, o que significa que várias gerações podem viver juntas em uma única casa ou comunidade. (Para Tipos de Apego, vide Anexo 13)

O APEGO QUE NÃO FAZ BEM

No Budismo em geral, o apego é considerado uma forma de apego emocional que nos prende ao ciclo do samsara, o ciclo interminável de nascimento e morte; no Zen-budismo o apego é considerado uma das principais causas do sofrimento e da insatisfação na vida. De acordo com a perspectiva Zen, o apego surge da nossa tendência inata de nos apegarmos às coisas e aos resultados, desejando que as coisas sejam de uma determinada maneira e nos agarrando a ela

No Zen, a prática da meditação é central para a compreensão do apego. Ao sentar-se em meditação, o praticante é encorajado a observar os pensamentos, sentimentos e sensações sem se apegar a ele (12). Através dessa prática, percebe-se a natureza transitória e impermanente de todas as coisas, incluindo os pensamentos e emoções. Compreende-se que o apego a qualquer coisa que seja impermanente inevitavelmente levará ao sofrimento. [Cf. (Neng, 638-723); (Sutra da Plataforma)].


‘Ser livre de qualquer apego’ significa não se prender a forma ou matéria, não se prender ao som, não se prender na delusão, não se prender ao esclarecimento, não se prender na quintessência, não se prender no atributo. ‘Usar a mente’ significa permitir a ‘Mente Una’ (i.e., a Mente Universal) manifeste a si mesma em todo lugar. Quando permitimos nossa mente habitar na piedade ou no mal, a piedade ou o mal manifestar-se-ão, mas nossa Essência da Mente (ou Mente Primordial) não será, entretanto, obscurecida. Mas quando nossa mente habita no nada, percebemos que todos os mundos nas dez direções são nada mais do que a manifestação da ‘Mente Una’. ”  (Nota do Mestre Dhyana On in O Sutra da Plataforma, 713)

CIÚME: O medo da perda; o apego patológico.


Atualmente, a Psicologia define o ciúme como uma emoção cognitiva secundária (13) que envolve a sensação de ameaça ou insegurança em relação a um relacionamento íntimo devido à percepção de um rival ou a possibilidade de perda da pessoa amada.
O ciúme é considerado um fenômeno universal e inato; está presente em diferentes espécies, culturas e contextos sociais.

Está associado a várias regiões do cérebro, especialmente aquelas envolvidas nas emoções, cognição social e processamento de ameaças (14).

É um “estado de alma” que envolve um complexo de pensamentos, sentimentos, ações; um padrão de comportamento que pode chegar a ameaçar a estrutura da relação interpessoal, a plena existência psíquica e, por vezes, a integridade física das pessoas envolvidas.


De fato, para caracterizar o estado ou a qualidade do ciúme, é preciso recorrer a uma série de atributos que se inicia por uma profunda e complexa frustração, apoiada por um confuso sentimento de amor não correspondido em sua plenitude (ou falsamente correspondido); sente-se raiva do rival e da pessoa amada; sente-se medo, angústia e ansiedade perante uma situação que requer uma ação efetiva, mas que, mesmo com ameaças e coações, foge do seu controle tornando-o impotente. O ser devorado pelo ciúme arde em profunda tensão, sem poder assumir uma atitude mental solidificada, devido à sua própria insignificância, atingindo graus insuportáveis de desespero e abandono.”  (Ferreira-Santos, 1996)

O ciúme pode se manifestar de diversas formas, desde um leve desconforto até intensos sentimentos de raiva e possessividade. “Assim é o sentimento do ciúme: caprichoso, imperativo, sempre doloroso, polimorfo em um mesmo indivíduo, em situações idênticas, em pessoas diferentes” (Ferreira-Santos, 1996)

O pressuposto do ciúme é a idealização de um relacionamento humano que, por alguma razão – real ou imaginária – passa a ser percebido como uma perda iminente por aquele que o sente, o qual passa a ter seus ‘alarmes internos’ ativados.
Ele pode surgir em diferentes tipos de relacionamentos, como relacionamentos amorosos, familiares, amizades e até mesmo em contextos profissionais.

É fruto de uma tentativa de imposição dos desejose/ou prioridades de uma pessoa sobre os de outra pessoa, representando, assim, símbolo da individualidade daquele que o sente sobre este que é o alvo do ciúme. Assim fazendo, o ciumento se define como negador da alteridade, do reconhecimento da individualidade e da liberdade do outro; daí o mal.


O CIÚME DOENTIO

É difícil precisar em que momento esse malefício deixa de ser um exagero e se torna uma patologia, mas, para aqueles que se relacionam com um ciumento, não há como deixar de reconhecer a forma patológica.

Ela pode assumir a ‘forma neurótica’, onde se manifestam ansiedades diversas, todas decorrente do medo da uma suposta perda do ser (objeto) amado ou a ‘forma paranoide’ caracterizada pela presença de delírios e excesso de “certezas”. Nesta última, o quadro clínico completo também apresenta certo alheamento dos acontecimentos, pensamentos recorrentes na ideia delirante.

Há, no entanto, uma situação particular de ciúme delirante que ocorre em pessoas que fazem uso do álcool, o que resulta em problemas fisiológicos, psicológicos e sociais. O alcoolista costuma esconder um Transtorno do Espectro Depressivo de base; geralmente é prisioneiro do presente, pois seu passado é uma coleção de frustrações e fracassos e seu futuro geralmente oferece poucas ou nenhuma perspectiva de sucesso. O próprio presente costuma ser descrito como desprovido de recompensas e, nessa ciranda, sua vida amorosa fica comprometida pois desaparece a potência sexual e as gratificações.

E é nesse momento que surge o ciúme decorrentes da “certeza” de que seu companheiro(a) “vai procurar alguém mais potente, mais atraente; que tenha mais dinheiro, mais poder, mais sucesso...”  (sic) e por aí vai se estruturando o delírio, pois nesse tipo de situação, antigos fantasmas do passado vêm à lembrança misturados com frustrações atuais e traumas antigos (reais ou imaginários), o que contribui para uma confusão mental cada vez maior.

 

INVEJA

Para alguém chegar à ‘certeza’ que o ‘outro é mais do que eu’ uma pessoa precisa primeiro ter feito uma comparação do seu Eu com esse Outro. Ao fazê-lo, pode ocorrer que, aquele que se compara perceba que ‘ele possui algo que eu desejo e que não possuo’.
Pode ocorrer que essa pessoa que se compara carregue consigo uma autoestima negativa, carregue consigo um auto autoconceito ruim ou simplesmente um sentimento de culpa; e também que, para ela seja muito importante o reconhecimento externo.

Surge, então a possibilidade de ela sentir uma emoção moralmente negativa e destrutiva: a Inveja, como ilustra a passagem abaixo:
Aconteceu que no fim de uns tempos trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao Senhor. Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste.
Agradou-se o Senhor de Abel e de sua oferta; ao passo que de Caim e de sua oferta não se agradou.
Irou-se pois, sobremaneira Caim e descaiu-se seu semblante. (...)
Disse Caim a Abel, seu irmão: Vamos ao campo. Estando eles no campo, sucedeu que se levantou Caim contra Abel, seu irmão, e o matou.
”    (A Bíblia Sagrada) (Gn 4, 3-8)


Como vimos acima, nosso aparelho psíquico tem a tendência inata e natural de elaborar seus impulsos mais primários a fim de “dominar as excitações que, de outra forma seriam sentidas como aflitivas” (Freud, 1914), o que, na prática, corresponde a eliminar, ‘resolver’, conflitos internos e buscar consistência cognitiva entre nossas crenças.

Quando a essa ‘resolução’ é feita de forma desastrosa e também é motivada pela busca de prestígio e reconhecimento externos, vem a inveja.
A pessoa invejosa não se contenta em alcançar o próprio bem e a própria felicidade, mas deseja igualar ou superar o que os outros têm.
Aos que pretendem empreender essa viagem [através da inveja] para o caso de se perderem, três distinções básicas: ciúme é querem manter o que se tem; cobiça é querer o que não se tem; inveja é querer que o outro não tenha. ” (Ventura, 1998) (colchetes meus)


A inveja coloca o foco na comparação e na rivalidade com os outros, em vez de buscar o desenvolvimento de suas próprias capacidades e virtudes.
Aristóteles (384 a.C.- 322 a.C.) via na inveja um vício moral, porque ela envolve uma disposição habitual [natural] de caráter que é contrária à virtude. Para ele a virtude, estaria relacionada ao desenvolvimento pleno do potencial humano e à busca do bem-estar e da felicidade E a  inveja levaria as pessoas ao desvio desse caminho virtuoso. Já Friedrich Nietzsche (1844-1900) via a inveja como uma emoção reativa das pessoas que surgiria da frustração e do ressentimento em relação à constatação da (suposta) superioridade dos Outro.

Então, seja qual for a forma de entender a inveja – seja da perspectiva do indivíduo como em Aristóteles, seja do ponto de vista da sociedade, como via Nietzsche –, ela é um sentimento destrutivo que envolve o desejo de possuir algo que outra pessoa possui e/ou o ressentimento em relação ao sucesso ou vantagem dessa pessoa.  
Por isso a inveja é considerada prejudicial tanto para o indivíduo que a experimenta, como para as pessoas que com ele se relacionam; ela pode levar a comportamentos negativos, corroer relacionamentos prejudicar o grupo social.

§

A inveja pode ocorrer tanto no indivíduo como num grupo social.

Nietzsche acreditava que as sociedades humanas são moldadas por sistemas de valores que são criados pelos indivíduos mais fracos e oprimidos, que ele chamava de "escravos morais".

Esses indivíduos não possuiriam o poder e a força necessários para impor suas vontades e desejos, então desenvolveriam uma moralidade baseada na negação de suas próprias vontades e na inveja daqueles que possuíam poder, sucesso e superioridade.

Surgria quando as pessoas são levadas a negar seus próprios desejos e instintos em favor dessa moralidade dos fracos. Elas sentem ressentimento e hostilidade em relação àqueles que são superiores e bem-sucedidos, porque veem neles uma negação de suas próprias aspirações e uma ameaça à sua própria identidade (15). 

 

ÓDIO

Pior que a inveja, a qual, embora seja destrutiva, é uma emoção momentânea, é o sentimento de ódio.


O ódio é uma emoção intensa de aversão, repulsa ou hostilidade em relação a uma pessoa, grupo, ideia ou objeto; é uma emoção intensa, duradoura e complexa. É caracterizado por uma aversão profunda e um desejo intenso de causar dano ou destruição a algo ou alguém.

É uma profunda antipatia com repercussão física e/ou emocional àquilo que o desperta esse e pode ser eliciado por diversas razões, como diferenças ideológicas, religiosas, étnicas, raciais, políticas, sociais ou pessoais.

Trata-se de uma emoção negativa e destrutiva, que pode levar a comportamentos prejudiciais e violentos. Ela é frequentemente associada a preconceito, discriminação, intolerância e conflitos e pode surgir como resultado de experiências passadas, influências culturais, ignorância, medo ou falta de empatia.

Segundo Aristóteles, o ódio surge quando atribuímos características negativas e indesejáveis a um objeto ou pessoa, e sentimos uma aversão profunda em relação a essas características. Para Platão, surge quando nos afastamos do conhecimento e da sabedoria, permitindo que nossas emoções e desejos negativos dominem nossa mente; o ódio é resultado da ignorância e do desconhecimento da verdadeira natureza das coisas.

O sentimento de ódio é influenciado por uma combinação complexa de fatores genéticos, ambientais, sociais e individuais que pode surgir como uma resposta a estímulos ameaçadores, injustiças percebidas, conflitos pessoais, traumas passados ou ideologias extremas.

Quando uma pessoa sente ódio, várias áreas do cérebro são ativadas, incluindo a amígdala, que desempenha um papel central no processamento de emoções, especialmente as regiões do medo e da raiva.

Os corpos amigdaloides do cérebro desencadeiam uma cascata de reações químicas e atividades neurais que resultam na liberação dos neurotransmissores noradrenalina e dopamina, que estão relacionadas à excitação, alerta e reações de luta ou fuga. Essas substâncias químicas podem intensificar o sentimento de ódio e aumentar a disposição para agir de forma agressiva.

Além disso, outras áreas do cérebro, como o Córtex Pré-frontal (PFC), estão envolvidas no processamento do ódio: tendo como função a inibição de impulsos primários vindos do nosso ‘cérebro animal’, o sistema límbico, é a região Pré-frontal que acaba nos dando o controle emocional, e também ajuda na tomada de decisões – atacar, proteger ou fugir – bem como na regulação e na modulação da intensidade do comportamento.

Em situações de ódio intenso, essa região pode ser parcialmente ou totalmente inibida, diminuindo, assim, a capacidade de reflexão e de moderação necessárias para o planejamento e execução de uma ação. Quando ocorre dentro de uma situação de alta intensidade emocional, este cenário neuropsicológico poderá levar uma pessoa a agir de forma destrutiva com pouco ou nenhum autocontrole.

§

RAIVA

Diferentemente do ódio, que, como vimos, é destrutivo em sua essência, a raiva é um sentimento que denuncia a existência de quebra de um contrato explícito ou implícito. Pode estar associada a uma sensação de indignação ou irritação e é uma emoção menos duradoura.
Desaparece quando a situação estressora é resolvida ou quando a pessoa encontra maneiras lidar com o estressor de alguma forma satisfatória.

Nesses termos, dependendo das circunstâncias em que ocorre, a raiva pode ser até mesmo construtiva por ser capaz de trazer à luz da consciência de quem a sente ‘do nada’ a ocorrência de um descumprimento moral o qual não estava sendo percebido até então.

A raiva é uma emoção que surge como uma resposta natural quando o indivíduo é exposto a uma ameaça, injustiça, frustração ou provocação.
Outra diferença importante entre raiva e ódio é que a raiva tende a ser uma resposta mais direta e situacional, enquanto o ódio pode ser mais generalizado e abrangente. A raiva é uma reação a um evento específico, enquanto o ódio pode ser direcionado a um grupo, ideologia, objeto ou mesmo a uma pessoa em particular.

 

Tristeza

Aquilo que sentimos em decorrência do encontro com o mal – uma situação que nos faça lembrar de um trauma, por exemplo – costumamos chamar de “tristeza”.
Então, se o mal existe, a tristeza também existe; é uma resposta incondicionada inata nos seres humanos, uma emoção básica, portanto. (Vide Anexo-3)

Também surge tristeza pelo fato de “sempre desejarmos que as alegrias se traduzam em felicidade, que os amores durem para sempre, que os bons momentos se repitam para sempre” (Barros Fillho, 2017).

Esse tipo de desejo encobre a necessidade tipicamente humana de viver ‘em harmonia’ com o todo (15): quando estamos ‘fora do lugar’, mesmo que estejamos cobertos de prazeres, não nos sentimos recompensados, desejamos ‘voltar para o nosso lugar’ e, caso isso não seja possível, permaneceremos tristes.

Tristeza constate e duradoura acaba por alterar a química do nosso cérebro, que passará a produzir menos dopamina e menos serotoninas, e, eventualmente, mais cortisol. Essas substâncias responsáveis pelo sentimento de prazer, de sentido da vida e pela regulação do nosso humor e do apetite, respectivamente. Quando isso acontece, ao invés de vivermos o momento presente, passamos a viver das lembranças dos momentos felizes do passado; refugiamos nosso espírito no passado passando à nostalgia e, assim, nos distanciamos da vida pois é no presente que a esta ocorre.

Seja qual for o passado, ele não teve somente momentos felizes; também houve erros e, devido à consciência dos nossos erros, sentimos arrependimentos, culpas; temos remorso.

Vivendo ‘no passado’, mais cedo ou mais tarde passaremos a nos julgar e, eventualmente, a nos punir por isto ou por aquilo; com o tempo essa autocrítica tornar-se-á um mau-hábito do pensamento e, caso isso aconteça, teremos todos os ingredientes necessários para transformar aquela nostalgia num transtorno do humor, um transtorno depressivo.

Frequentemente, para tentar escapar dessa nostalgia, costumamos criar para nós mesmos uma espécie de ilusão: imaginamos com a força de uma certeza, que o futuro trará coisas melhores e que nossa felicidade ainda está por vir; que tudo será melhor quando ‘alguma coisa (boa) acontecer’. A partir daí passaremos a nos comportar voltados para o futuro, novamente nos distanciando do momento presente, onde, de fato a vida ocorre (16) criando a possibilidade da procrastinação e, com ela, a impossibilidade de obtermos gratificação com aquilo com que nos é relacionamos “aqui e agora”.

 

Luto

Um caso particular de tristeza é aquela decorrente de uma perda significativa.


O ser humano sempre abominou a morte, provavelmente, sempre a repelirá pois em nosso inconsciente a morte nunca é possível quando se trata de nós mesmos: “É inconcebível para o inconsciente imaginar um fim real para nossa vida na terra e, se a vida tiver um fim, este será atribuído a uma intervenção maligna fora de nosso alcance. ” (Kübler-Ross, 1969).

Considerando que, no nível inconsciente, os seres humanos não conseguem distinguir “desejo” de “realidade”, não raras vezes (quando crianças principalmente) entendemos a morte como algo não-permanente; no entanto, quando adultos, passamos a perceber que não somos imortais nem onipotentes e, para vivermos nosso dia-a-dia, as reprimimos os sentimentos associados à ideia da aniquilação, passando a viver como se ela não fosse possível.

Com o avanço da Medicina e seus equipamentos cada vez mais sofisticados e caros, tornaram-se quase que obrigatórias as hospitalizações em Unidades de Terapias Intensivas – UTI – retirando cada vez mais a morte e o morrer das vistas dos familiares, dos amigos, da vizinhança, da comunidade.
Como consequência disso, aos poucos e cada vez mais, a morte foi se transformando num tabu e os debates sobre elas considerados mal-vindos.

Passamos gradativamente, a criar uma sociedade despreparada para lidar com perdas significativas, onde as pessoas se revelam cada vez mais imediatistas e insaciáveis de vivências no ‘aqui-e-agora’, mas que, quando confrontadas com dura realidade da morte, revelam crescente despreparo para lidar com frustrações e, principalmente, com os sentimentos de culpa ou de raiva que a morte traz de forma inevitável.

É importante ressaltar que o luto é um processo natural dos seres humanos, que ocorre após a perda importante, que pode ser resultado de morte, separação, divórcio ou qualquer evento que envolva uma separação emocional significativa.
Sigmund Freud (1917) destacou que a tristeza e a dor do luto são diretamente proporcionais ao amor investido naquele que foi perdido. (Freud, 1856 - 1939)

É um processo psicológico e emocional individual onde cada um vivencia o luto ao seu modo. Surge após a tomada de consciência da morte – do indivíduo ou de alguém – e desaparece espontaneamente decorrido certo tempo de elaboração, que varia de pessoa para pessoa, quando atinge o Estágio da Aceitação.

Quando isso não ocorre, entende-se que o luto ‘evoluiu mal’ e que estamos diante de um quadro clínico, o luto patológico (18).
Kübler-Ross (1969) enfatiza que o luto é uma reação normal, importante de se reconhecer e, principalmente, de se permitir vivenciar as emoções relacionadas à perda – ou à iminência da própria morte – para que se consiga um ajuste (aceitação) saudável.   (Vide Anexo 12)

 

Considerações Finais

Em todas as suas formas e manifestações, o mal guarda em si a essência da infelicidade, gera tristeza, promove sofrimento.

Mas não é perene!

A capacidade humana de adaptar-se a quaisquer ambientes, aliada à sua infinita criatividade e à perseverança, a qual decorre da Fé – seja em Deus, seja em si mesmo – é capaz de impor ao mal um 'prazo de validade'.

Daí para frente, o mal se transforma em ‘experiência’. E a história da humanidade demonstra que é através da análise a posteriori daquilo que experimentamos que surge a evolução.

E mais: se a experiência vivida tivesse sido gratificante, tivesse sido bem-sucedida, será que daríamos a ela a devida importância? Será que a estudaríamos a fundo e com afinco, com a mesma sede de aprendizado?

MRM
Em São Paulo. 30/junho/2023
CRP 06/34559

 

DEDICATÓRIA

Kleber_e_equipe

Dedico este artigo ao Sgto. PM Marcius Kleber e à sua Equipe do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo.
Herois anônimos que, diariamente e de forma otimista e incansável, sacrificam suas vidas combatendo as consequências todo tipo de malefício.
MRM

 

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(1) Exemplos: o autoflagelo do Transtorno de Personalidade Borderline, o latrocínio e o atentado terrorista através do istishhad (استشهاد) (homem-bomba), respectivamente.
(2) Refiro-me aqui, principalmente ao desrespeito de qualquer um dos Direitos Humanos (Vide Anexo 10)
(3) Pulsão de Morte segundo Sigmund Freud, 1920.
(4) Vide Anexo-9
(5) Ernest Becker foi um antropólogo cultural, escritor e estudioso da interdisciplinaridade científica. Tornou-se amplamente conhecido ao receber o Prémio Pulitzer de Não Ficção Geral em 1974 por seu livro A Negação da Morte
(6) Os sete Pecados Capitais  são: soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja e preguiça.
Esses pecados são considerados capitais porque são vistos como raízes ou princípios fundamentais que podem levar a outros pecados e transgressões morais. Eles são considerados perigosos porque podem corromper a alma e afastar a pessoa de Deus, prejudicando o relacionamento não somente com o plano divino, mas também com seus semelhantes. (Vide Anexo 11)
(7) Whasapp é um aplicativo para computadores e telefones celulares cuja finalidade é a comunicação e criação de redes sociais privadas entre os usuários desse sistema.
Instagram é uma rede social da WEB.
(8) O conceito de Crença Central é um elemento fundamental da Terapia Cognitiva. Foi desenvolvido por Aaron Beck (1921-2021), mas não é introduzido em um artigo específico. A ideia foi apresentada e desenvolvida ao longo de várias publicações e livros de Beck sobre a Terapia Cognitiva, incluindo "Cognitive Therapy and Emotional Disorders" (1979) e "Cognitive Therapy of Depression" (1979), nos quais ele aborda a importância das crenças na estrutura cognitiva do indivíduo e seu impacto na saúde mental.
(9) São os chamados Delírios Catatímicos que “são formados sob a influência de determinados complexos emocionais ou afetos num pensamento em si normal.
(10) Delírios aqui entendidos como “alteração na consistência da realidade com alterações incorretas da realidade incorrigíveis” caracterizadas por “ 1) pela impossibilidade de fundamentar e certeza extraordinária; 2) pela impossibilidade de serem influenciados e corrigidos pela experiência e pela força do raciocínio; 3) impossibilidade ou improbabilidade dos seus conteúdos “. (Dorsch, 2001)
(11) Medo é uma das respostas incondicionadas Inatas dos seres humanos. As demais são: a felicidade, a raiva, a tristeza e o amor parental.
(12)“ Em profunda sabedoria completa / Claramente observou / O vazio dos cinco agregados /assim se libertando / De todas tristezas e sofrimentos. ”  (Sutra do Coração) (Comunidade Zen Budista do Brasil, 2017)
(13) Vide Anexo-7: Emoções Cognitivas
(14) O ciúme é um fenômeno complexo e envolve uma interação complexa entre várias regiões cerebrais e processos cognitivos e emocionais. A pesquisa nessa área ainda está em andamento, e há muito a ser descoberto sobre as bases neurais do ciúme.
Algumas das regiões encefálicas que desempenham um papel importante no ciúme incluem: 
(veja imagens no Anexo-8)
 Amígdala: A amígdala desempenha um papel central na resposta emocional, especialmente no processamento do medo e ameaça. Estudos mostraram que a amígdala está envolvida na ativação emocional associada ao ciúme.

 Córtex pré-frontal medial: O córtex pré-frontal medial, incluindo a área conhecida como córtex cingulado anterior, desempenha um papel na regulação emocional e no processamento de informações sociais complexas. Essa região está envolvida na avaliação de ameaças interpessoais e na regulação das respostas emocionais relacionadas ao ciúme.

Núcleo estriado: O núcleo estriado está envolvido no processamento de recompensa e motivação. Estudos sugerem que essa região desempenha um papel na resposta de recompensa associada à exclusividade e posse em relacionamentos amorosos, que estão relacionados ao ciúme romântico.

Córtex pré-frontal dorsolateral: O córtex pré-frontal dorsolateral está envolvido na regulação cognitiva e no controle inibitório. Essa região desempenha um papel importante na modulação dos pensamentos e comportamentos associados ao ciúme, ajudando a controlar impulsos e reações automáticas.

(15) Cf. (GPT, 2023); palavras-chave “Filosofia” e “Inveja”.acesso em 29/08/2023.
(16)Dentro de uma concepção ordenada do universo que os gregos chamaram de cosmos.  Assim, a boa vida – eudaimonia – implica que cada ser humano ativamente busque viver em harmonia com o cosmos. Se não o cumprirmos, estaríamos ‘vivendo fora de lugar’, em desarmonia – hýbris – e, assim, comprometendo a nossa vida e a vida dos outros seres humanos.
(17) Portanto, abra mão da nostalgia e abra mão da esperança. Quando a vida é boa cada instante vale por si só. Nietzsche chama isso de viver o amor fati; a certeza de que a vida só será boa se conseguirmos amar o real como ele é, sem escapar para o passado ou para o futuro.
(18) Luto Patológico:  segundo S. Freud (1917) o luto não elaborado pode evoluir para a Melancolia, um quadro clínico, atualmente denominado Transtorno do Espectro Depressivo
No luto, a tristeza e a dor são direcionadas para a pessoa ausente; na melancolia, esses sentimentos são voltados contra o próprio Eu. Na melancolia, a pessoa sofre de autorrecriminação, autodepreciação, perda de autoestima e sentimentos de inutilidade.

 


 

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Anexo-1

Sistemas Nervoso Aferente e Sistema Nervoso Eferente.

Mal_Anexo_1

Anexo-2

Respostas Emocionais

Mal_Anexo_2

Anexo-3

Mal Anexo_3

Mal_Anexo_3a

Anexo-4

Distorções Cognitivas, segundo Aaron Beck

As distorções cognitivas de acordo com Aaron Beck são:

  1. Leitura Mental: Acreditar que sabemos o que os outros estão pensando, mesmo sem evidências claras.

  2. Adivinhação do Futuro: Prever eventos negativos sem evidências concretas de que eles acontecerão.

  3. Filtragem Mental: Focar apenas nos aspectos negativos de uma situação, ignorando os positivos.

  4. Catastrofização: Imaginar o pior cenário possível e exagerar suas consequências.

  5. Polarização: Ver as coisas apenas em termos extremos, sem reconhecer os tons de cinza ou nuances.

  6. Personalização: Acreditar que eventos externos têm causas pessoais direcionadas a você, mesmo quando isso não é verdade.

  7. Generalização Excessiva: Extrair conclusões globais com base em um único evento negativo.

  8. Rotulagem e Julgamento: Colocar rótulos negativos em si mesmo ou nos outros com base em erros ou comportamentos específicos.

  9. Deveria: Ter uma lista rígida de regras sobre como você e os outros deveriam se comportar, e ficar angustiado quando essas regras não são seguidas.

  10. Rejeição do Positivo: Descartar ou minimizar elogios, conquistas ou aspectos positivos da vida.

  11. Tudo ou Nada (Pensamento Polarizado): Ver as situações como totalmente boas ou totalmente ruins, sem considerar as possibilidades intermediárias.

  12. Culpabilidade: Atribuir a si mesmo a responsabilidade por eventos negativos, independentemente do contexto.

  13. Falsa Responsabilidade: Acreditar que você deve controlar as emoções e o comportamento de outras pessoas.

  14. Raciocínio Emocional: Concluir que algo deve ser verdade porque você se sente fortemente sobre isso.

Anexo-5

Albert Ellis, psicoterapeuta norte-americano, desenvolveu a Terapia Racional Emotiva Comportamental (TREC) e identificou uma série de crenças irracionais que podem levar a problemas psicológicos e emocionais. Essas crenças irracionais são pensamentos distorcidos que as pessoas têm sobre si mesmas, os outros e o mundo. Aqui estão algumas das principais crenças irracionais identificadas por Albert Ellis:

  1. Exigências absolutas: Pensar que as coisas devem ser do jeito que a pessoa deseja, sem considerar a realidade ou a possibilidade de coisas diferentes acontecerem.
  2. Catastrofização: Imaginar o pior cenário possível em situações futuras e acreditar que seria insuportável lidar com essas circunstâncias.
  3. Generalizações exageradas: Tirar conclusões gerais com base em um único evento ou experiência negativa. Por exemplo, acreditar que se algo deu errado uma vez, sempre dará errado.
  4. Racionalização emocional: Justificar sentimentos negativos irracionalmente, sem base em fatos concretos. Por exemplo, acreditar que se sentir ansioso é uma evidência de que algo terrível vai acontecer.
  5. Perfeccionismo: Acreditar que a pessoa deve ser perfeita em todas as áreas da vida e que qualquer falha é inaceitável; acreditar que, para ter valor, é preciso ser inteiramente competente, adequado e realizador em todos os aspectos.
  6. Necessidade de aprovação constante; de “ser amado”: Sentir-se extremamente dependente da aprovação dos outros e acreditar que seu valor pessoal depende disso.
  7. Pensamento de "deveria": Ter uma lista rígida de regras e expectativas sobre como as coisas deveriam ser e se sentir frustrado ou chateado quando essas expectativas não são atendidas.
  8. Vitimização: Sentir-se como uma vítima das circunstâncias e acreditar que a vida é injusta.
  9. Punição: acreditar que certas pessoas são más; precisam ser severamente punidas.
  10. Evitação: evitar é sempre a solução certa a escolher; é mais fácil evitar do que enfrentar certas dificuldades.
  11. Passado: acreditar que o comportamento presente é totalmente determinado pela história, por aquilo que ocorreu no passado.
  12. Problemas dos outros: achar que as preocupações, problemas, ou mesmo a vida dos outros é mais importante que nossa vida.
  13. Autocontrole: achar que as pessoas não são capazes de controlar suas emoções; acreditar que a emocionalidade sempre vence a racionalidade.

Anexo-6

Causas do Medo Patológico

Segundo a Psicopatologia, as principais causas do medo patológico são:
O aprendizado por experiência direta: o medo patológico pode se desenvolver após uma experiência traumática ou assustadora. Se alguém vivencia um evento altamente estressante, como um acidente ou um assalto, pode ocorrer uma associação negativa entre a situação específica e o medo intenso, levando a uma resposta de medo exagerada ou irracional posteriormente.
O condicionamento vicário: o medo também pode ser adquirido por meio da observação de outras pessoas que demonstram medo em relação a determinados estímulos ou situações. Se alguém testemunha um membro da família ou amigo próximo demonstrando medo intenso ou evitando algo específico, isso pode influenciar o desenvolvimento de medos patológicos semelhantes.
 As conservas sociais e culturais: normas sociais e culturais podem influenciar a forma como as pessoas aprendem a responder a determinados estímulos ou situações com medo. Por exemplo, se uma pessoa cresce em um ambiente onde certos objetos, animais ou situações são considerados perigosos, ela pode internalizar essas crenças e desenvolver medos patológicos associados.
Devido à predisposição genética e biológica: Algumas pesquisas sugerem que pode haver uma predisposição genética para desenvolver transtornos de ansiedade. Certos genes podem estar associados a uma maior suscetibilidade ao medo e à ansiedade. Além disso, anormalidades nos circuitos cerebrais relacionados ao processamento do medo e à regulação emocional também podem desempenhar um papel no desenvolvimento do medo patológico.
Trauma e/ou exposição a experiências adversas na infância: Traumas na infância, como abuso, negligência, separação traumática dos cuidadores ou exposição a ambientes violentos, podem aumentar a vulnerabilidade ao desenvolvimento de transtornos de ansiedade, incluindo medos patológicos. Essas experiências adversas podem levar a uma disfunção no processamento do medo e na regulação emocional.


Anexo-7

Mal_Anexo_7

Mal_Anexo_7a

Anexo-8

Principais regiões encefálicas ativadas durante o sentimento do ciúmes.

 

Corpos amigdaloides

Mal_Anexo_8a

 

Córtex Prefrontal

Mal_Anexo_8b

 

 

Giro do Cíngulo completo

Mal_Anexo_8c

 

 

Porção anterior do Giro do Cíngulo

Mal_Anexo_8d

 

Núcleo Estriado

Mal_Anexo_8e

 

Anexo-9

Mecanismos de Defesa do Ego, segundo Sigmund Freud (1923).

  1. Repressão: O mecanismo mais básico e comum, envolve o afastamento de pensamentos, impulsos ou memórias dolorosas do consciente para o inconsciente, tornando-os inacessíveis à consciência.
  2. Negação: Recusar-se a aceitar ou reconhecer uma realidade perturbadora, rejeitando informações ou eventos que possam ameaçar o ego.
  3. Projeção: Atribuir sentimentos, desejos ou pensamentos indesejáveis a outras pessoas, transferindo-os para fora de si mesmo. Por exemplo, alguém pode projetar sua raiva em outra pessoa, negando sua própria agressão.
  4. Deslocamento: Redirecionar impulsos ou emoções de um objeto ou situação ameaçadora para outro menos ameaçador. Por exemplo, alguém pode descarregar sua raiva no trânsito após um dia estressante no trabalho.
  5. Sublimação: Canalizar impulsos ou emoções indesejáveis para atividades socialmente aceitáveis e construtivas. Por exemplo, alguém com impulsos agressivos pode se tornar um boxeador profissional.
  6. Formação reativa: Adotar comportamentos e atitudes opostos aos desejos ou impulsos verdadeiros, muitas vezes em resposta a conflitos morais ou sociais. Por exemplo, alguém com desejos sexuais reprimidos pode expressar uma atitude moralista excessiva em relação à sexualidade.

Anexo 10

Declaração Universal dos Direitos Humanos
Preâmbulo
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo;
Considerando que o desconhecimento e o desprezo dos direitos do Homem conduziram a actos de barbárie que revoltam a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os seres humanos sejam livres de falar e de crer, libertos do terror e da miséria, foi proclamado como a mais alta inspiração do Homem;
Considerando que é essencial a proteção dos direitos do Homem através de um regime de direito, para que o Homem não seja compelido, em supremo recurso, à revolta contra a tirania e a opressão;
Considerando que é essencial encorajar o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações;
Considerando que, na Carta, os povos das Nações Unidas proclamam, de novo, a sua fé nos direitos fundamentais do Homem, na dignidade e no valor da pessoa humana, na igualdade de direitos dos homens e das mulheres e se declaram resolvidos a favorecer o progresso social e a instaurar melhores condições de vida dentro de uma liberdade mais ampla;
Considerando que os Estados membros se comprometeram a promover, em cooperação com a Organização das Nações Unidas, o respeito universal e efectivo dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais;
Considerando que uma concepção comum destes direitos e liberdades é da mais alta importância para dar plena satisfação a tal compromisso:
A Assembleia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como ideal comum a atingir por todos os povos e todas as nações, a fim de que todos os indivíduos e todos os orgãos da sociedade, tendo-a constantemente no espírito, se esforcem, pelo ensino e pela educação, por desenvolver o respeito desses direitos e liberdades e por promover, por medidas progressivas de ordem nacional e internacional, o seu reconhecimento e a sua aplicação universais e efectivos tanto entre as populações dos próprios Estados membros como entre as dos territórios colocados sob a sua jurisdição.


Artigo 1°
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.
Artigo 2°
Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autônomo ou sujeito a alguma limitação de soberania.
Artigo 3°
Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Artigo 4°
Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas, são proibidos.
Artigo 5°
Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.
Artigo 6°
Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento, em todos os lugares, da sua personalidade jurídica.
Artigo 7°
Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual protecção da lei. Todos têm direito a protecção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Artigo 8°
Toda a pessoa tem direito a recurso efectivo para as jurisdições nacionais competentes contra os actos que violem os direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição ou pela lei.
Artigo 9°
Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Artigo 10°
Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja equitativa e publicamente julgada por um tribunal independente e imparcial que decida dos seus direitos e obrigações ou das razões de qualquer acusação em matéria penal que contra ela seja deduzida.
Artigo 11°

  1. Toda a pessoa acusada de um acto delituoso presume-se inocente até que a sua culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas.
  2. Ninguém será condenado por acções ou omissões que, no momento da sua prática, não constituíam acto delituoso à face do direito interno ou internacional. Do mesmo modo, não será infligida pena mais grave do que a que era aplicável no momento em que o acto delituoso foi cometido.

Artigo 12°
Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. Contra tais intromissões ou ataques toda a pessoa tem direito a protecção da lei.
Artigo 13°

  1. Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no interior de um Estado.
  2. Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo o seu, e o direito de regressar ao seu país.

Artigo 14°

  1. Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar de asilo em outros países.
  2. Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo realmente existente por crime de direito comum ou por actividades contrárias aos fins e aos princípios das Nações Unidas.

Artigo 15°

  1. Todo o indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade.
  2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do direito de mudar de nacionalidade.

Artigo 16°

  1. A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir família, sem restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião. Durante o casamento e na altura da sua dissolução, ambos têm direitos iguais.
  2. O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno consentimento dos futuros esposos.
  3. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção desta e do Estado.

Artigo 17°

  1. Toda a pessoa, individual ou colectiva, tem direito à propriedade.
  2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade.

Artigo 18°
Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos.
Artigo 19°
Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e idéias por qualquer meio de expressão.
Artigo 20°

  1. Toda a pessoa tem direito à liberdade de reunião e de associação pacíficas.
  2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.

Artigo 21°

  1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na direcção dos negócios, públicos do seu país, quer directamente, quer por intermédio de representantes livremente escolhidos.
  2. Toda a pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade, às funções públicas do seu país.
  3. A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos: e deve exprimir-se através de eleições honestas a realizar periodicamente por sufrágio universal e igual, com voto secreto ou segundo processo equivalente que salvaguarde a liberdade de voto.

Artigo 22°
Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social; e pode legitimamente exigir a satisfação dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis, graças ao esforço nacional e à cooperação internacional, de harmonia com a organização e os recursos de cada país.
Artigo 23°

  1. Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à protecção contra o desemprego.
  2. Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual.
  3. Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória, que lhe permita e à sua família uma existência conforme com a dignidade humana, e completada, se possível, por todos os outros meios de protecção social.
  4. Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se filiar em sindicatos para defesa dos seus interesses.

Artigo 24°
Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres, especialmente, a uma limitação razoável da duração do trabalho e as férias periódicas pagas.
Artigo 25°

  1. Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade.
  2. A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozam da mesma protecção social.

Artigo 26°

  1. Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional dever ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito.
  2. A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o desenvolvimento das actividades das Nações Unidas para a manutenção da paz.
  3. Aos pais pertence a prioridade do direito de escholher o género de educação a dar aos filhos.

Artigo 27°

  1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar no progresso científico e nos benefícios que deste resultam.
  2. Todos têm direito à protecção dos interesses morais e materiais ligados a qualquer produção científica, literária ou artística da sua autoria.

 

Artigo 28°
Toda a pessoa tem direito a que reine, no plano social e no plano internacional, uma ordem capaz de tornar plenamente efectivos os direitos e as liberdades enunciadas na presente Declaração.
Artigo 29°

  1. O indivíduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual não é possível o livre e pleno desenvolvimento da sua personalidade.
  2. No exercício deste direito e no gozo destas liberdades ninguém está sujeito senão às limitações estabelecidas pela lei com vista exclusivamente a promover o reconhecimento e o respeito dos direitos e liberdades dos outros e a fim de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar numa sociedade democrática.
  3. Em caso algum estes direitos e liberdades poderão ser exercidos contrariamente e aos fins e aos princípios das Nações Unidas.

Artigo 30°
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada de maneira a envolver para qualquer Estado, agrupamento ou indivíduo o direito de se entregar a alguma actividade ou de praticar algum acto destinado a destruir os direitos e liberdades aqui enunciados.
Fonte: https://www.ohchr.org/en/human-rights/universal-declaration/translations/portuguese?LangID=por acesso em 23/06/2023.


Anexo 11

Os Pecados Capitais


“ Os sete pecados capitais são chamados de "capitais" porque a palavra "capital" deriva do termo latino "caput", que significa "cabeça" ou "principal". Nesse contexto, "capitais" refere-se a vícios ou pecados que são considerados a raiz ou a fonte de outros pecados. ”
A origem da classificação dos sete pecados capitais remonta ao século IV, com a obra de Evágrio Pôntico, um monge ascético do cristianismo primitivo. O monge listou oito pensamentos ou paixões malignas que eram consideradas os principais desafios espirituais. Esses pensamentos foram posteriormente sistematizados e reinterpretados por teólogos e filósofos cristãos ao longo dos séculos.
A lista final dos sete pecados capitais foi estabelecida pelo Papa Gregório I, também conhecido como Gregório Magno, no século VI. Os pecados capitais são:

IRA (ou cólera). É a reação violenta, com perda do controle sobre si mesmo e, em geral, manifestações externas desproporcionadas.
GULA (ou gulosidade). É a ingestão de comida ou bebida de maneira desregrada, pela quantidade, excessiva, avidez ou requinte.
INVEJA. É a tristeza produzida pelas conquistas ou posses de alguém, assim como a alegria com suas derrotas ou penúrias.
PREGUIÇA (ou acídia). É a fuga,, frouxidão ou lentidão na realização do trabalho e dos deveres pessoais.
SOBERBA (ou orgulho). É a atitude de quem está convencido da própria grandeza ou superioridade sobre os demais e não consente em que haja pessoas, opiniões, atitdes e posturas melhores que as suas.
AVAREZA (ou ganância). É o afã desmedido de riquezas, com apegamento aos bens possuídos. Os gregos chamavam de pleoxenia, i.e. o desejo insaciável de ter sempre mais.
LUXÚRIA (ou lascívia). É o uso indevido das faculdades procriadoras

[Cf.(Ferreroni Júnior & Francioulli, 2022)]

 

Esses pecados são considerados capitais porque são vistos como raízes ou princípios fundamentais que podem levar a outros pecados e transgressões morais. Eles são considerados perigosos porque podem corromper a alma e afastar a pessoa de Deus, prejudicando o relacionamento com o divino e com os outros.
A classificação dos pecados capitais tem como objetivo alertar os fiéis sobre os perigos da vida pecaminosa e incentivar a busca pela virtude e pela purificação espiritual. Ela fornece uma estrutura para a reflexão e o autoexame moral, permitindo que os indivíduos identifiquem e resistam aos vícios que podem prejudicar sua vida espiritual e seu relacionamento com Deus. (GPT, 2023)

Fonte: Chat GPT. Consulta com os termos “Considerando a doutrina do Catolicismo, por que os sete pecados são chamados ‘capitais’? ” realizada em 24/06/2023.


Anexo 12

O Luto: duas visões. Estágios de Elaboração do Luto Segundo Sigmund Freud e Elizabeth Kübler-Ross.


Tanto Sigmund Freud (1917) como Elizabeth Kübler Ross estudaram o luto, porém o primeiro, de forma psicanalítica; a segunda, através do relacionamento com pessoas que iriam morrer, seus parentes e os cuidadores.
Freud estudou o luto pela perspectiva de observador da vida intrapsíquica daquele que enfrentou uma perda significativa. Como convém à Psicanálise, estudou o papel do inconsciente e o processo de elaboração das emoções da pessoa que não morreu.
Já Kübler-Ross estudou o luto a partir de relatos das emoções tanto daqueles que brevemente iriam morrer como das outras pessoas a eles vinculadas; concentrou-se principalmente no luto relacionado à própria morte ou à perspectiva da morte iminente

.
Sigmund Freud
Freud, acreditava que o luto é um processo psicológico natural em resposta à perda de uma pessoa amada. Freud explorou o tema do luto em seu trabalho "Luto e Melancolia" (1917), onde discute as semelhanças e diferenças entre o luto saudável e a melancolia. Destacou que o processo de luto envolve uma série de etapas, como a negação, a raiva, a barganha, a tristeza e a aceitação.
Enfatizou que cada indivíduo vivencia o luto de maneira única e que não há um caminho linear ou fixo para atravessar esse processo.


Elisabeth Kübler-Ross
A abordagem de Kübler-Ross sobre o luto é frequentemente associada aos cinco estágios do luto, que ela identificou em sua pesquisa e trabalho clínico, os quais podem ocorrer de forma não linear. São eles:


Estágio da Negação: Nessa fase inicial, a pessoa pode negar ou ter dificuldade em aceitar a realidade da perda. Pode haver um senso de irrealidade ou choque emocional.
Estágio da Raiva: A raiva é uma resposta comum no processo de luto. A pessoa pode sentir raiva em relação à pessoa falecida, a si mesma, a Deus ou ao mundo em geral.
Fase da Barganha: Nessa fase, a pessoa pode tentar negociar ou fazer barganhas com uma força maior na tentativa de reverter a perda. Essas negociações podem envolver promessas, orações ou a busca por soluções alternativas.
Período de Depressão: A depressão nesse contexto não se refere necessariamente a um transtorno depressivo clínico, mas a uma profunda tristeza e desânimo relacionados à perda. A pessoa pode se sentir sobrecarregada de tristeza, desesperança e apatia.
Fase da Aceitação: O estágio final envolve a aceitação da realidade da perda. Isso não significa que a pessoa esteja necessariamente "bem" ou "curada", mas que ela tenha chegado a um ponto de aceitação e adaptação à nova realidade sem a presença física da pessoa falecida.

Ela também enfatiza que o luto é uma reação natural e normal, mas também descreve o luto como um processo não somente psicológico mas também emocional que deve ser vivenciado a fim de permitir um ajuste saudável. (Kübler-Ross, 1969)


Anexo 13

Tipos de Apego

Tipos de apego que são amplamente discutidos na teoria do apego, desenvolvida a partir de John Bowlby e outros pesquisadores. Abaixo estão listado os principais tipos de apego e os respectivos padrões de relacionamento emocional que podem ser desenvolvidos entre pessoas – geralmente  crianças – e os respectivos cuidadores (ou figuras reconhecidas como “autoridades / lideranças”.

  1. Apego seguro: Crianças com um apego seguro geralmente se sentem seguras e confiantes na presença de seus cuidadores. Elas veem seus cuidadores como uma fonte de apoio e conforto, e se sentem capazes de explorar o ambiente ao seu redor. Os cuidadores de crianças com apego seguro geralmente são consistentes, responsivos e sensíveis às necessidades emocionais da criança.
  2. Apego evitativo: Crianças com um apego evitativo tendem a evitar ou minimizar a proximidade emocional com seus cuidadores. Elas podem parecer independentes e pouco afetuosas, evitando buscar conforto ou apoio dos cuidadores. Os cuidadores de crianças com apego evitativo podem ser menos responsivos ou emocionalmente indisponíveis.
  3. Apego ambivalente/resistente: Crianças com um apego ambivalente/resistente geralmente mostram uma preocupação ansiosa em relação aos cuidadores. Elas podem buscar proximidade, mas também apresentam dificuldade em se acalmar ou se sentir seguras, mesmo quando seus cuidadores estão presentes. Os cuidadores de crianças com apego ambivalente/resistente podem ser inconsistentes em suas respostas emocionais e podem parecer menos confiáveis para a criança.
  4. Apego desorganizado/desorientado: O apego desorganizado/desorientado é um padrão menos comum, mas importante de ser mencionado. Crianças com esse tipo de apego podem mostrar comportamentos contraditórios e confusos em relação aos cuidadores. Elas podem alternar entre se aproximar e evitar os cuidadores, exibindo expressões de medo ou confusão em sua presença. Esse tipo de apego geralmente está relacionado a experiências de trauma ou negligência grave.

É importante ressaltar que esses tipos de apego não são rótulos fixos e imutáveis, mas representam padrões gerais observados nas pesquisas desenvolvidas observando as interações entre crianças e cuidadores.
Os relacionamentos podem evoluir e mudar ao longo do tempo, e o apego também pode ser influenciado por fatores contextuais e experiências de vida.

 

 

Obras Citadas

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Beck, A. (1976). Cognitive Therapy and Emotional Disorders. Filadélfia: Penguin Books.
Bowlby, J. (1982). Formação e Rompimento dos Laços Afetivos. São Paulo: Martins Fontes.
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Dorsch, F. (2001). Dicionário de Psicologia Dorsch. Petrópolis-RJ: Vozes.
Ferreira-Santos, E. (1996). Ciúme O Medo da Perda. São Paulo: Ática.
Ferreroni Júnior, M., & Francioulli, P. O. (2022). Quando é Deus quem Pergunta:um caminho de autoconhecimento, oração e vida cristã. São Psulo: Cultor de Livros.
Freud, S. (1856 - 1939). Obras Completas. Rio de Janeiro: Imago.
Gianetti, E. (2002). Felicidade. São Paulo: Companhia das Letras.
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Hockenbury, D. H., & Hockenbury, S. E. (2003). Descobrindo a Psicologia. Barueri: Manole.
Kübler-Ross, E. (1969). Sobre a Morte e o Morrer. São Paulo: Martins Fontes.
Maximino, M. (2023). Aboxonado: 50% Bobo 50% Apaixonado. http://www.marcosmaximino.psc.br/marcosmaximino_aboxonado.asp acesso 19/06/2023.
Messori, V. (1994). Cruzando o Limiar da Esperança. Rio de Janeiro: Francisco Alves.
Neng, H. (638-723). O Sutra da Plataforma. https://centrozenflordelotus.weebly.com/uploads/2/6/7/0/26708426/o_sutra_do_6o_patriarca_hui_neng.pdf acesso em 24/06/2023.
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Para referir: MAXIMINO, MR . O Mal . disponível em www.marcosmaximino.psc.br/marcosmaximino/acesso em dd/mm/aaaa.

Publicado em : 30/06/2023 ; atualizado em: 18/08/2023.

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